Revolução francesa, ponto chave do surgimento da nova política |
Escrito em 1919, no período pós Guerra, o ensaio "Política como Vocação" é uma das mais relevantes contribuições do Sociólogo Max Weber para a sociedade como um todo. A obra, que pode ser encontrada no conjunto chamado de "Ensaios de Sociologia" delibera sobre o estado como um todo, seu conceito e a ação política.
A obra pode ser lida
clicando Aqui.A primeira questão que Weber Delibera é sobre a política, o autor define a política como "qualquer tipo de liderança independente em ação", em seguida, específica que a política que está em questão é a política estatal.
Aí entramos em uma questão fundamental do pensamento Weberiano, o conceito sociológico de Estado de Max Weber é o conceito de Estado como Detentor do monopólio dos meios de violência legitima sob determinado território.
Em suas palavras:
“Todo Estado se fundamenta na força”, disse Trotski em Brest-Litovsk. Isso é realmente certo. Se não existissem insti tuições sociais que conhecessem o uso da violência, então o con ceito de “Estado” seria eliminado, e surgiria uma situação que poderíamos designar como “anarquia”, no sentido específico da palavra. É claro que a força não é, certamente, o meio normal, nem o único, do Estado — ninguém o afirma — mas um meio específico ao Estado. Hoje, as relações entre o Estado e a violên cia são especialmente íntimas. No passado, as instituições mais variadas — a partir do clã — conheceram o uso da força física como perfeitamente normal. Hoje, porém, temos de dizer que o Estado é uma comunidade humana que pretende, com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determi nado território."Uma vez estabelecido o concurso de Estado, o autor parte para o processo de de legitimação. O estado detém o monopólio da violência legitima, correto, mas por que ele detém essa autoridade? Segundo o autor, há 3 fundamentos essenciais: (1) o argumento do Domínio tradicional, que se baseia na autoridade do "ontem eterno", basicamente ela deriva de uma ordem patriarcal, semelhante ao patriarcalismo monárquico, onde um governo rege uma sociedade com um poder fundamentado na tradição, esse argumento se faz paralelo com a teoria de Weber de ação social, onde ele cria o conceito de Ação tradicional; (2) o dom da graça, também conhecido como carisma, nas palavras do autor: É o domínio “carismático”, exercido pelo profeta ou no campo da política pelo senhor de guerra eleito, pelo governante plebiscitário, o grande demagogo ou o líder do partido político, esse é o tipo puro que Weber mais delibera nesse ensaio, por ser dele que deriva a vocação política; (3) e o último, porém não menos importante, é o argumento que Weber define como Legitimidade, também conhecida como dominação racional-legal, essa se fundamenta na existência de um maquinário legal, impessoal, baseado nas leis e em uma máquina burocrática (traço essencial do Pensamento Racional de Weber), nessa dominação, o poder seria referente ao estado e não as pessoas individuais.
Vale lembrar, que os 3 se tratam de tipos ideal (para saber mais clique aqui)
"...Compreende-se que, na realidade, a obediência é determinada pelos motivos bastante fortes do medo e esperança, medo da vingança dos poderes mágicos do detentor do poder, esperança de recompensa neste mundo ou no outro e, além de tudo isso, pelos mais variados interesses."Viver da política e viver para a política
Ao tratar da vocação política, Weber faz uma importante distinção entre Viver "de" política e viver "para a política", essa análise, em primeiro momento é uma análise social de um fenómeno que o Weber chamou de políticos profissionais, esses políticos surgiram com a ascenção do estado moderno e tem a política como profissão, em oposição aos políticos ocasionais, os profissionais não fazem da polícia apenas como meio de debates. Assim como Aristóteles definiu o Homem como Homo politicus, Weber afirma que em certa medida todos exercem a política.
"Há dois modos principais pelos quais alguém pode fazer da política a sua vocação: viver “para” a política, ou viver “da” política. Esse contraste não é, de forma alguma, exclusivo. Em geral, o homem faz as duas coisas, pelo menos em pensa mento e, certamente, também a ambas na prática. Quem vive “para” a política faz dela a sua vida, num sentido interior. Desfruta a posse pura e simples do poder que exerce, ou ali menta seu equilíbrio interior, seu sentimento íntimo, pela cons ciência de que sua vida tem sentido a serviço de uma “causa”. Nesse sentido interno, todo homem sincero que vive para uma causa também vive dessa causa. A distinção, no caso, refere-se a um aspecto muito mais substancial da questão, ou seja, o econômico. Quem luta para fazer da política uma fonte de renda permanente, vive “da” política como vocação, ao passo que quem não age assim vive “para” a política."
As qualidades do político
Há 3 qualidades básicas do líder carismático: (1) Paixão, definida como a dedicação apaixonada a uma causa. Nas palavras do autor, isso não significa uma sentimento movido por uma excitação estéril, mas pela clareza e conduta responsável em torno de ideais e utopias; (2)Senso de responsabilidade; (3) Senso de proporções, a capacidade de deixar que as coisas atuem mantendo-se com uma calma íntima.
"A política é feita com a cabeça, e não com outras partes do corpo ou da alma. E, não obstante, a dedicação à políti ca, se não for um jogo intelectual frívolo, mas uma conduta genui namente humana, pode nascer e crescer apenas da paixão. Mas aquele firme controle da alma, que distingue o político apaixonado e o diferencia do simples diletante político “estèril- mente excitado”, só é possível pelo hábito ao desapego em todo o sentido da palavra. A “força” da personalidade “política” significa, em primeiro lugar, a posse das qualidades de paixão, responsabilidade e proporção."Weber alerta ainda sobre um grave inimigo da vocação: a vaidade, que o autor define como "uma qualidade muito generalizada" e afirma ainda que "talvez ninguém esteja completamente livre dela".
Ética dos fins e ética da responsabilidade
O autor estabelece uma distinção entre a ética, ele define a ética da convicção, ou dos fins, como as ações de um indivíduo que coloca em primeiro plano as crenças e objetivos que juga irrenunciáveis.
Já a ética da responsabilidade seria o equivalente, ccoma diferente que seria o conjunto normas e valores que orientam a decisão do político a partir de sua posição como governante ou legislador.
Seria então, a ação política, um ponto que flutua entre ambas, o autor deixa claro que a ética de responsabilidade e ética dos fins não são opostos, aas sim complementares em dada medida.
Esse tema, por toda sua complexidade e debate, exige uma matéria única, que virá em breve.
Fonte:
WEBER, Max. Ensaios de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
Comentários
Postar um comentário