"...Quando o preço de uma mercadoria não é menor nem maior do que o suficiente para pagar ao mesmo tempo a renda da terra, os salários do trabalho e os lucros do patrimônio ou capital empregado em obter, preparar e levar a mercadoria ao mercado, de acordo com suas taxas naturais, a mercadoria é nesse caso vendida pelo que se pode chamar seu preço natural..."Uma vez que se tem o preço natural, o produto vai a mercado, logo entra o segundo preço, o chamado Preço efetivo ou Preço de mercado, O preço de mercado de uma mercadoria específica é regulado pela proporção entre a quantidade que é efetivamente colocada no mercado e a demanda daqueles que estão dispostos a pagar o preço natural da mercadoria, ou seja, o valor total da renda fundiária, do trabalho e do lucro que devem ser pagos para levá-la ao mercado. Esse preço pode ser maior, menor ou igual ao preço natural.
Nesse ponto Smith dá a primeira aparência a mais importante lei da economia, a lei de oferta e demanda.
Entre outras palavras, o mercado seria regulado por duas grandes forças, primeiro, a oferta, que é o tento que o comerciante oferece para a compra, e a demanda seria os consumidores que desejam o determinado produto.
Retomando a questão principal, Smith chama a atenção para duas modalidades de demanda, a Demanda efetiva, que seria aquela parcela que demanda determinado bem que o preço de mercado está dentro de suas capacidades de compra, essa demanda efetiva contém o poder de induzir os comerciantes a colocar tal bem em oferta no mercado, já a demanda absoluta encobriria tanto os que podem quando os que não podem, ainda que desejem, não podem induzir o mercador:
"...Em certo sentido pode-se dizer que uma pessoa muito pobre tem uma demanda de uma carruagem de luxo puxada por seis cavalos. Pode até ser que ela gostasse de possuí-la; entretanto, sua demanda não é uma demanda efetiva, uma vez que jamais será possível colocar essa mercadoria no mercado para satisfazer a essa demanda específica... "Uma vez que se tem determinada demanda efetiva, existe a oferta por parte dos mercadores, que desejam que os consumidores dessa demanda efetiva comprem seu bens.
Neste ponto, vale redobrar a atenção, pois entra nos mais importantes conceitos elementares da economia: o preço de equilíbrio, a escassez e o excesso.
Trarei um exemplo, imagine que determinado bem tenha 100 consumidores que tenham a demanda efetiva, que induz determinado comerciante a entrar no mercado. Imaginemos que o mercador forneça exatamente 100 bens, o que supre totalmente a demanda efetiva, teremos aí um preço que coincidirá com o preço natural, já que tudo o que for colocado no mercado será consumido. Em outras palavras, a demanda é igual a oferta.
Entretanto, quando a oferta não é suficiente para suprir a demanda, surje a primeira aberração ao preço, a escassez. Para melhor compreender, trataremos com números:
Imagine que no caso passado, onde há igual demanda e oferta, tal bem custe 15,00 por unidade, na medida que ao vender todos os 100 bens, o comerciante ter 1.500,00.
Entretanto, na impossibilidade de ofertar 100 bens, o comerciante ofertará 80 bens, porém, se o mesmo vender os 80 ao preço de 15,00 ele terá prejuízo, já que ao final arrecadará apenas 1.200. Sabendo que a demanda efetiva do bem permite que o mesmo aumente o preço, o comerciante resolve por aumentar o preço até que seja o suficiente para que os 80 compradores paguem juntamente os 1.500,00 que são necessários para a subsistência do mercador.
Então, o vendedor decide que ofertará determinado bem ao preço de 18.75, de falar maneira, ao haver 80 compradores, ele arrecadará ao final 1.500,00.
Há também a aberração inversa, denominada Excesso, o caso dela seria o seguinte:
Tal comerciante colocou 100 unidades de determinado bem, na média que esperava que a demanda efetiva se coincidisse, tal que todos comprem pelo preço de 15,00, finalizando ao total 1.500,00.
Entretanto, se não suprida a oferta pela demanda, haverá um excesso de estoque que irá se deteriorar, ora, imagine que apenas 80 compradores demandam por determinado bem, nesse caso haverá o caminho contrário, onde o preço descerá até que quantidade x de pessoas comprem o bem até o vendedor conseguir vender todos os bens e se livrar do estoque.
Sabendo de tal aberração, o vendedor diminuirá o preço para 13,00, na medida que a demanda efetiva aumentará, e haverá 100 compradores, o que juntará ao final 1.300,00.
Esse jogo de flutuação onde o preço sempre se ajusta conforme a demanda efetiva, reflete ainda em dois pontos: a concorrência e os fatores de produção.
Quanto a concorrência, não trabalharemos agora, pois haverá um artigo específico para tratar das formas de concorrência, como monopólio, concorrência perfeita, imperfeita e oligopólio.
Já referente aos fatores de produção, se o preço natural deriva da remuneração dos três, o preço de mercado refletirá diretamente.
Se a oferta de sobressai a demanda efetiva, haverá uma diminuição da produção até haver um ajuste, tanto os fatores terra, trabalho e lucro serão reduzidos, na medida em que haverá menos interessante em se investir na determinada área, por parte dos 3 fatores.
Já no caso inverso, se a oferta não supre a demanda, haverá um jogo de mercado onde haverá maior aplicação de ambos os fatores, para potencializar a produção, até que a oferta de iguale a demanda efetiva, para se igualar ao preço natural.
Essa primeira visão de Adam Smith sobre a lei de oferta e demanda, embora majestosa e revolucionária, foi em muito evoluída com o tempo, em maioria estudada na chamada microeconomia que estuda os fatores envolvidos nos mercados, suas conjunturas, influência estatal e analiza as chamadas teoria do consumidor e teoria do comerciante.
Nos próximos capítulos, Smith tratou mais profundamente dos determinados fatores de produção, e como se desenrolam.
No próximo artigo Adam Smith e o Salário.
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