Nos artigos passados, tratamos dos membros da chamada Escola jônica (ver Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito), dessa vez adentraremos na chamada escola Eleática e seu primeiro representante: Xenófanes de Colofon.
Antes de tudo, vale definir o objeto de trabalho comum dos Eleáticos, os filósofos dessa escola tinham como questionamentos mais comum a questão da permanência e da identidade diante da mudança dos seres (devir), assim como, a questão da unidade e da universalidade do Ser diante da multiplicidade dos seres particulares.
E assim como Heráclito abordou essa questão em sua doutrina dos contrários, os Eleatas partiram da mesma base, a divisão entre a natureza visível múltipla e variável e a realidade racional. A diferença entre Heráclito e os Eleatas é que a escola de Eleia defende a existe de um que abarca toda a multiplicidade dos seres ao Absoluto imutável. Já Heráclito afirmava que a realidade do Logos não era o Absoluto imutável era também devir.
Biografia
Pouco se sabe sobre a vida de Xenófanes, mas se sabe que embora fosse membro da escola de Eleia, na realidade era originário de Colofon, na Jônia, atual Turquia. Com a tomada de Colofon pelos Persas, Xenófanes de tornou um nomade poeta que vagava de cidade em cidade espalhando suas ideias utilizando de sua excelente habilidade dialética e poética, sabe-se que viveu até os 92 anos.
As marcas essenciais do pensamento de Xenófanes são ligadas a sua visão teológica e crítica a religião grega.
O Deus de Xenófanes
Na história, Xenófanes foi o primeiro homem a pregar filosoficamente um deus único, de opondo ao politeísmo e antropomorfismo de Hesíodo e Homero.
O Deus de Xenófanes era uno, único, imutável, abstrato, não tinha começo nem fim nem no tempo nem no espaço, estava em tudo e tudo estava nele.
Segundo Xenófanes, não havia lógica nem nexo no antropomorfismo do panteão grego, ora, Deus não poderia ser qualificado ele era infinito e abstrato, não havia brecha para qualidades humanas, isso implicaria vícios e romances, também dizia que Deus não poderia ser criado nem morto. Xenófanes defendeu que a representação dos deuses antropomorficos seriam apenas reflexo da cultura, ora, o deus dos trácios era loiro e o do egípcio era negro.
"...Mas se mãos tivessem os bois, os cavalos e os leões E pudessem com as mãos desenhar e criar obras como os homens, Os cavalos semelhantes aos cavalos, os bois semelhantes aos bois, Desenhariam as formas dos deuses e os corpos fariam Tais quais eles próprios têm..."Essa visão do deus único, absoluto e onipresente de Xenófanes ecoou por toda a história da filosofia, influenciando desde Aristóteles, até Tomás de Aquino e os demais teístas que vieram.
O trabalho de Xenófanes foi expandido pelo seu aprendiz, Parmênides de Eleia, que criou os fundamentos da ontologia.
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