Adam Smith e o Salário

Uma vez que Smith instituiu os Fatores de Produção envolvidos no preço natural, retoma uma questão essencial da economia: a remuneração. E é sobre as remunerações e os fatores que o autor adentra nos 4 capítulos finais do livro I, no capítulo VIII Smith adentra na questão do salário e fatores que influenciam sua ascenção ou queda e como se relaciona a oferta e demanda.
O salário, antes de tudo, é dito como "O produto do trabalho é a recompensa natural do trabalho, ou seja, seu salário". 
Segundo Smith, o salário estava sujeito a uma lei do mercado que se sintetiza em uma máxima, um tanto "cruel" mas há certo ponto realista:
"Os trabalhadores desejam ganhar o máximo possível, os patrões pagar o mínimo possível."
E o autor continua estabelecendo o papel social das organizações "sindicais" e conclaves patronais:
"Os primeiros procuram associar-se entre si para levantar os salários do trabalho, os patrões fazem o mesmo para baixá-los. "
Entretanto, embora seja natural a dualidade Proletário-Patrão, onde os conclaves patronais tem uma maior vantagem pelo fato de se ter respaldo jurídico e por serem em menor número, facilitaria sua formação de "proto-carteis" onde combinaram a queda do preço dos salários. Entretanto, há mais fatores que se mostram decisivos na questão dos salários.
Basicamente, mesmo que haja o embate entre interessados, há uma taxa que é dita como fundamental e ideial pela qual o salário flutua, nas palavras de Smith, esse taxa é o mínimo para a sua manutenção.
O primeiro fator fundamental na questão do salário é a escassez de mão de obra, basicamente, conforme uma nação enriquece, a economia se aquece e haverá um maior capital acumulado, que naturalmente fará aumentar os fundos destinados ao pagamentos de salários. Basicamente, conforme se aumenta o capital de uma nação ou determinado ponto, crescerá a demanda efetiva pela mão de obra, nas palavras de Smith:
"...Por isso, a demanda de assalariados necessariamente cresce com o aumento da renda e do capital de um país, não sendo possível o aumento sem isso. O aumento da renda e de capital é o aumento da riqueza nacional. A demanda de assalariados, portanto, naturalmente aumenta com o crescimento da riqueza nacional, sendo simplesmente impossível quando isso não ocorre. .."
A segunda questão é relacionada ao crescimento econômico da nação como um todo, segundo o autor, não é as nações mais ricas que pagam os melhores salários, mas sim as nações que mais progridem. Para ilustrar esse exemplo o autor cita o exemplo das colônias americanas, que em sua época, estavam em uma ascenção econômica em nome, já que se tratava de uma economia que embora pequena estivesse atraindo capital estrangeiro, o que atrai a mão de obra internacional, essa escassez faz o valor do trabalho ser maior que o valor da metrópole inglesa, que embora fosse muito mais rica que suas colônias, estava em uma evolução menor, e havia uma demanda muito menor pela mão de obra, o que levou a uma economia menos aquecida, fazendo-se exportar tanto o capital quanto a mão de obra para o novo mundo.
"Embora a América do Norte não seja ainda tão rica como a Inglaterra, é muito mais progressista, avançando com rapidez muito maior para a aquisição de maiores riquezas. O indício mais claro da prosperidade de um país é o aumento do número de seus habitantes. Na Grã-Bretanha, e na maioria dos países europeus, supõe-se que a população necessita de no mínimo quinhentos anos para duplicar. Na América do Norte verificou-se que duplica em 20 ou 25 anos."
Para fortificar sua teoria que associa a evolução da produtividade a demanda da mão de obra, o autor demonstra um contraponto a ascenção americana e apogeu britânico, Smith traz então como exemplo a China.
Embora a economia chinesa fosse forte e até certo ponto desenvolvida, como fica constatada na época de Marcopolo, em certo ponto, a economia parou de evoluir e encontrou um ponto de estagnação. Naturalmente, com a evolução da demanda por mão de obra, naturalmente é suprida pela evolução proporcional da natalidade, entretanto, se a economia se estagna, aliando-se a alta natalidade, cria-se uma situação de escassez de empregos, o que baixa consideravelmente os salários, levando os operários a basicamente brigar por cada mísera vaga.
Já naquela época, a situação da China já era dita como desumana, as classes mais baixas viviam jogadas ao desdém, afirma-se até mesmo que os chineses, se "deleitavam" até mesmo de cadáveres de animais em estado de putrefação, da mesma maneira que os ricos se degustavam de seus banquetes luxuosos.
Ainda há um terceiro caso, o de regressão, que ao contrário do progresso e da estagnação, há uma decadência natural do mercado, com a baixa oferta, basicamente haveria de ir "rebaixando-se" a empregos menores, sucessivamente, conforme a crise for encolhendo a produtividade, diminuindo assim, o valor padrão do salário.
Concluí-se então que os salários nada mais é do que fruto do progresso da riqueza da nação, uma nação que está progredindo é o melhor local para os trabalhadores, já que irá se tratar de um caso de escassez de mão de obra que aumenta fortemente o preço do trabalho, já seu contrário geraria escassez de empregos, o que levaria os trabalhadores ao estado de miséria.
"Eis por que a remuneração generosa do trabalho é não somente o efeito necessário da riqueza nacional em expansão, mas também seu sintoma natural. Por outro lado, a manutenção deficiente dos trabalhadores pobres constitui o sintoma natural de que a situação encontra-se estacionária, ao passo que a condição de fome dos trabalhadores é sintoma de que o país está regredindo rapidamente."
Retomando as principais questões tratadas no capítulo, o fator progresso da nação e a sua ligação com o bem estar, Smith traz de volta a tese com a seguinte síntese:

"O preço do trabalho em dinheiro é necessário por duas circunstâncias: a demanda de mão-de-obra e o preço dos artigos necessários e confortos materiais. A demanda de mão-de-obra, conforme estiver em aumento, em estagnação ou em declínio, determina a quantidade dos artigos necessários e dos confortos materiais que devem ser assegurados ao trabalhador, e o preço do trabalho em dinheiro é determinado pelo que é necessário para comprar esta quantidade. Portanto, embora o preço da mão-de-obra em dinheiro seja às vezes alto quando o preço dos mantimentos é baixo, seria ainda mais alto, continuando a demanda inalterada, se o preço dos gêneros fosse alto. "

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